Soja

A indústria processadora de soja prevê um ano de ligeira recuperação da produção, após um tombo de 9,5 milhões de toneladas no volume de grãos esmagados entre 2012 e 2013. O processamento do grão de soja em farelo e óleo no ano passado chegou ao menor volume desde 2002. O acúmulo de créditos tributários e redução da competitividade dos derivados fizeram com que as grandes multinacionais preferissem esmagar o grão fora do País. Já o cenário atual é de maior força da demanda interna tanto por farelo, que compõe a ração animal, como por óleo, para produzir biodiesel.

"Esperamos que o processamento retome os valores próximos aos de 2011", afirmou Daniel Amaral, gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Naquele ano, o setor esmagou quase 37,3 milhões de toneladas. Retomar esse volume produzido seria voltar a colocar nas esmagadoras 10,3 milhões de toneladas de soja a mais até dezembro – volume que a indústria é capaz de absorver, dado que a ociosidade das plantas já chega a 60%.

A aposta é, principalmente, no aumento da demanda interna e externa por farelo de soja. Isso também gera excedente de produção de óleo, que deve ser absorvido pelo aumento do consumo interno por biodiesel.

A consultoria Céleres prevê aumento no volume processado de 35,4 milhões de toneladas da safra 2012/2013 para 37,2 milhões de toneladas para a safra atual, segundo relatório divulgado ontem. A produção de farelo deve subir de 27,08 milhões de toneladas para 28,35 milhões de toneladas entre as duas safras, o que deve puxar a fabricação de óleo de 6,8 milhões de toneladas para 7,14 milhões de toneladas.

A esperada recuperação deve ocorrer a despeito dos problemas enfrentados pelo setor no ano passado, como alta valorização da soja em grão e desequilíbrio tributário gerado pela desoneração de produtos agrícolas. Segundo Amaral, a retirada da cobrança do PIS/Cofins sobre o óleo de soja no ano passado gerou acúmulo de créditos presumidos no caixa das empresas e "prejudicou a rentabilidade da indústria".

Mercado interno
A perspectiva vai na contramão da notícia de encerramento da produção da Bunge em sua planta em Passo Fundo (RS). Na semana passada, a multinacional norte-americana anunciou o fim das atividades da fábrica e a demissão de 40 funcionários alegando perda de competitividade dos derivados ante o grão.

Quem deve assegurar a recuperação neste ano são as pequenas esmagadoras, já que são voltadas para o abastecimento do mercado nacional, enquanto as multinacionais podem escolher entre processar a soja dentro do País ou fora, segundo Renato Souza, gerente comercial da Santa Rosa. A única planta da empresa, em Clevelândia (PR), processou 315 mil toneladas no ano passado, 50% a mais do que em 2012, para atender às indústrias de frango e suínos de Chapecó e outras cidades do oeste catarinense. Para este ano, a perspectiva é de, no mínimo, manter o mesmo volume esmagado em 2013.

"Isso ocorre porque estamos em região de alto consumo interno. As indústrias mais bem localizadas logisticamente e voltadas para o mercado interno têm sobrevida melhor do que quem só depende de exportação", diz o gerente da Santa Rosa.

A demanda por óleo para a produção de biodiesel também deve apresentar crescimento. A expectativa da Abiove é de que o consumo de diesel no País alcance 62 bilhões de litros neste ano, o que deve representar alta de 5% na comparação com a demanda do ano passado – isso faria o consumo de biodiesel chegar a, pelo menos, 3,1 bilhões de litros caso o atual percentual de mistura de 5% se mantenha inalterado. "Sempre que aumenta a produção agrícola, precisa-se de mais caminhão para transportar a safra, e consequentemente de mais de óleo de soja para fazer biodiesel", afirma o gerente da Abiove.

Com adaptações BiodieselBR.com

Veja mais